Carlos Garletti representa Ponta Grossa no Mundial Paraolímpico de Tiro ao Alvo

Recordista brasileiro do tiro paraolímpico, o pontagrossense Carlos Garletti estará embarcando nesta quarta-feira (5) para a Europa, onde disputará duas importantes competições, visando a conquista do índice para a Paraolimpíada de Pequim 2008. Em Pádua, na Itália, Garletti participa da Copa Pádua, entre sexta-feira e domingo, preparando-se para o Campeonato Mundial, que será realizado em Sargans, na Suíça, entre os dias 12 e 22.Com os resultados obtidos nas competições nacionais, Garletti já superou o índice estabelecido pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro, fazendo 570 pontos em 600 possíveis, mas a homologação precisa acontecer num evento de âmbito internacional. “Esta é uma oportunidade importante, até como experiência, pois o Mundial reunirá cerca de 380 atiradores, possibilitando uma avaliação das condições da equipe brasileira”, diz o pontagrossense, que viajará com mais três atletas brasileiros, o curitibano Sérgio Vida, o carioca Carlos Strub e a paulista Ana Valéria.Na Copa Pádua e no Mundial, Garletti estará participando de quatro categorias: carabina de ar, carabina de ar deitado, match com carabina calibre .22 e carabina livre, também utilizando arma calibre .22.Segundo o pontagrossense, a Região dos Campos Gerais tem grande potencial para as provas de tiro, citando como exemplos Rodrigo Bastos, de Guarapuava, atleta olímpico, e Nilton Fior, de Ponta Grossa, que disputa provas do tiro prático, sendo campeão brasileiro e sul-americano, com participações em campeonatos mundiais. “Falta um maior incentivo à prática do esporte, que nada tem de violento, até porque existem regras rígidas, que diminuem praticamente a zero as possibilidades de acidentes”, afirma o atirador.Contando apenas com o patrocínio da Lei de Incentivo ao Esporte da Secretaria Municipal de Esportes e Recreação (SER), Garletti tem como meta a criação da Confederação Brasileira de Tiro Paraolímpico. “Somente com uma entidade própria, nós teremos condições de conquistar patrocínios e, conseqüentemente, aumentar a dedicação aos treinamentos e competições”, diz o atirador, que é médico oftalmologista e treina em média 6 horas por semana. “Isto porque eu construí um pequeno stand em casa, para os tiros com a carabina de ar. Mas para os treinos com armas de fogo, é preciso utilizar os stands do 13º BIB e da Associação da Polícia Civil”, completa.Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, que acontecerão no Rio de Janeiro, o tiro não foi incluído. Assim, o Pan de Tiro ao Alvo deverá acontecer em Porto Rico. A falta de competições internacionais no Brasil é um obstáculo para a evolução do tiro paraolímpico, que não custa barato. “Somente com chumbinhos ar e munição, o custo chega a R$ 1 mil por mês”, informa o atirador, lembrando da necessidade de utilizar material importado para o tiro de precisão. Também a burocracia para a importação de armas é muito grande, com uma carabina de ar de R$ 4.500,00 podendo dobrar de preço devido às taxas e impostos.O sonho de Garletti para popularizar o tiro ao alvo é a construção de um stand num clube social da cidade. “Para a iniciação, podem ser utilizadas carabinas de ar e chumbinhos nacionais, de custo muito mais em conta, e que podem ser comprados em qualquer loja de caça e pesca, com a vantagem de que num stand devem ser seguidas todas as normas de segurança, evitando acidentes e danos à natureza”, conclui o pontagrossense.