Atendimento no PS será suspenso

O atendimento de urgência e emergência no sistema municipal de saúde será transferido, no início de outubro, do prédio do Pronto-Socorro Municipal para o pronto-atendimento (PA) da rua Engenheiro Schamber e para um novo pronto-atendimento – que será instalado dentro de algumas semanas – num imóvel alugado, na rua Carlos Osternack, próximo ao Hospital da Criança. O anúncio foi feito na tarde de ontem (segunda-feira, dia 19) pelo prefeito Pedro Wosgrau Filho e pelo secretário municipal de Saúde, Alberto Olavo de Carvalho, durante entrevista coletiva, concedida na sala de reuniões do Pronto-Socorro. O motivo da transferência é a necessidade de reformas e serviços de manutenção no prédio. “Desde que inauguramos o Pronto-Socorro, há uns treze anos, nunca foram feitas essas obras, e está mais do que na hora”, explicou o prefeito. Wosgrau lembrou que “nosso grande objetivo, nossa grande prioridade, sempre foi o atendimento à saúde”. Em busca dessa melhoria, “vamos iniciar uma grande reforma no Pronto-Socorro”. É intenção do governo também dar seguimento às obras iniciadas na administração anterior, que foram suspensas ainda em 2004. A intenção do governo, segundo o prefeito, é melhorar as condições de funcionamento do Pronto-socorro e, ao mesmo tempo, transformá-lo em centro de referência no atendimento a urgências e emergências.Durante o período em que o Pronto-socorro estiver em obras, os casos classificados como de urgência e emergência e recepcionados nos pronto-atendimentos, serão imediatamente encaminhados para os hospitais gerais da cidade. O governo anunciou ontem, durante a coletiva, que os hospitais já concordaram em colaborar com a administração nessa questão. Já as consultas, ou procedimentos não considerados urgentes ou emergenciais, serão prestados nos dois Pronto-Atendimentos – o da rua Engenheiro Schamber e o novo, que será ainda instalado próximo ao Hospital da Criança – e, havendo necessidade, haverá remoção para os demais hospitais.No prazo em que o prédio do PS estiver em obras, os servidores municipais continuarão normalmente prestando serviços, cobrindo o esperado aumento de demanda nos Pronto-Atendimentos. Além disso, segundo o secretário Carvalho, serão também liberados para gozo de férias eventualmente vencidas. “No final, eles também serão beneficiados, pois terão condições melhores de trabalho. Estamos fazendo tudo isso para que o atendimento possa ser significativamente melhorado”, adiantou o prefeito. Para Wosgrau, “não é com macas enferrujadas e instalações precárias que isso vai ser alcançado”. O chefe do Executivo também estimou o custo da reforma e readequação do prédio em algo entre R$ 1,5 e R$ 2 milhões. O dinheiro, segundo o prefeito, sairá dos cofres municipais, mas não está descartada a possibilidade de aportes de verbas estaduais e federais. Entre as obras – que devem durar de 90 a 120 dias, segundo as primeiras projeções – estão a reforma geral nos equipamentos de radiografia e a instalação de um tomógrafo.NÃO FUNCIONASegundo o secretário Carvalho, hoje o Pronto-Socorro Municipal “não funciona como pronto-socorro. Nos governos anteriores recebeu investimento muito pequeno, está hoje desgastado, desatualizado” e exigindo reparos imediatos. O secretário também revelou que uma das maiores preocupações do governo é com o número de pacientes que esperam – no prédio do PS – remoção para hospitais. “Isso nos preocupa muito, mas quando voltar a funcionar, vai ter outra cara e outra postura. Essa história de usar o PS como baldeação vai acabar. Quando voltar, vai voltar com outra postura e até outra filosofia”.Carvalho historiou que ao longo do tempo o pronto-socorro “foi se descaracterizando, e virou uma grande unidade de saúde”, onde os pacientes procuram consultas médicas, e não atendimento para urgência e emergência. Durante o período de obras, essas consultas serão supridas pelo atendimento nos CAS. Além disso, haverá um suporte extra com a entrada em operação do Serviço de Atendimento Médico de Urgência – SAMU – que vai fazer a prestação de primeiros socorros e remoção direta de casos clínicos caracterizados como emergenciais ou urgentes, para os hospitais mais bem-preparados para atende-los. O secretário de Saúde também não quer mais que o PS sirva como uma área “de espera”, para pacientes que aguardam leitos de terapia intensiva, nos hospitais da cidade.Para compensar a demanda extra que será direcionada aos hospitais, e a suspensão dos internamentos no PS, o governo vai distribuir entre as demais casas hospitalares as Autorizações de Internamento Hospitalar – AIH – de que dispõe o município. “Temos um número de AIH extra-teto, que também será distribuído aos hospitais, conforme os atendimentos”. Isso será feito, segundo o secretário, com a aprovação das autoridades sanitárias do Estado. “A 3a. Regional de Saúde reconhece que o PS precisa ser recuperado”, atesta.Mesmo diante das inconveniências trazidas com a suspensão do atendimento no PS, o governo não vê alternativa: “precisamos fazer a reforma e a manutenção”, diz o prefeito Pedro Wosgrau Filho, emendando: “mas fazer manutenção com pacientes sendo atendidos na mesma sala, ou na sala ao lado não é adequado”. A reforma e os serviços de manutenção, segundo o chefe do Executivo, são imprescindíveis e inadiáveis: “o atendimento está péssimo, as condições estão péssimas”. O secretário de Saúde é ainda mais enfático ao descrever as condições do prédio em que funciona o Pronto-Socorro: “a suspensão de atendimentos é uma solução inadiável. É um verdadeiro insulto essas condições e esse atendimento. O PS virou um pardieiro”. Wosgrau concorda e afiança que “é impossível ficar pior do que está”.Outra mudança significativa no Pronto-Socorro será, nos próximos dias, o desligamento de todos os médicos que haviam sido contratados – ainda na gestão anterior – através de uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP). Esses contratos foram encerrados e os profissionais envolvidos estão terminando seu período de aviso prévio. Em seu lugar atuarão médicos concursados e contratados pelo município, que passam a integrar o quadro de funcionários municipais já neste dia 25.(Box)Centros de Atendimento à Saúdevão melhorar o fluxo no sistemaDurante a coletiva de ontem, Wosgrau Filho anunciou que serão construídos em Ponta Grossa três Centros de Atendimento à Saúde. Cada um desses CAS, que haviam sido anunciados ainda durante a campanha eleitoral, terá “estrutura boa, adequada”, e vai oferecer atendimento em especialidades médicas – consultas com especialistas. O prefeito anunciou também que essas obras estão em fase de projeto, mas não antecipou qualquer data ou prazo. Segundo Wosgrau, para facilitar o acesso dos pacientes, os Centros de Atendimento à Saúde serão construídos ao lado dos três Terminais de Transporte Coletivo dos bairros (Oficinas, Nova Rússia e Uvaranas).Cada um dos CAS terá, segundo o prefeito, entre 600 e 700 metros quadrados, e deve custar perto de R$ 1 milhão.(Box 2)Servidores da Saúde terãoprograma de acolhimentoO secretário municipal de Saúde anunciou ontem, durante a coletiva em que foi revelada a suspensão nos atendimentos de urgência e emergência no PSM, que foi lançado há dez dias um programa de acolhimento, destinado aos servidores daquela Secretaria, intitulado “Atender bem faz bem”. A idéia, segundo Carvalho, é estimular a todos os funcionários da Saúde, especialmente os que atuam no atendimento direto ao público, a melhorar a recepção aos cidadãos que procuram o sistema público de Saúde. “A reforma não será só na parte física, mas também de postura, para que o atendimento tenha calor humano e eficiência”.Segundo Carvalho, os atendentes do sistema de saúde devem ser lembrados que o cidadão que os procura, além de estar em busca da satisfação de uma necessidade ou direito seu, também encontra-se “angustiado. Assim ele já está nervoso, preocupado, e deve ser bem recebido. Se for mal recebido, grosseiramente, além de preocupado será também um paciente alterado. Que chega ao médico já com três pedras na mão. O médico também tem que tratar bem o paciente, para que ele se sinta não apenas bem atendido, mas acolhido e respeitado”.(quadro)ORIENTE-SEComo fica o sistema de saúde:- Consultas médicas simples – sem alteração, nos postos de saúde;- Consultas com especialistas – sem alteração, no Centro de Especialidades;- Pronto-socorro – terá atendimentos suspensos dentro de cerca de 15 dias, para reforma e manutenção do prédio. Volta a funcionar em um prazo de 90 a 120 dias;- Urgência e Emergência – casos de urgência/emergência para adultos serão atendidos nos postos de Pronto-Atendimento (PA). Hoje estão em funcionamento dois: um ao lado do Pronto-Socorro e outro em prédio na rua Engenheiro Schamber.(Quadro 2)Quem atende o quêVeja como fico a divisão dos atendimentos, por hospital, conforme acordo firmado na tarde de ontem (segunda-feira, dia 19/09):Santa Casa de Misericórdia: - cardiologia- nefrologia- neurologia- oncologia- cirurgias de emergênciaHospital Bom Jesus:- cardiologia- neurologia- cirurgias de emergênciaHospital Vicentino:- traumatologia- ortopedia- cirurgias de emergênciaHospital Cidade:- Internamentos clínicos de baixa e média complexidade