Meio Ambiente vai orientar transportador de resíduos

Os empresários que atuam no transporte de resíduos em Ponta Grossa, objeto de questionamentos públicos em função da disposição irregular de entulho da construção civil em diversos pontos da cidade e por isso mesmo notificados reiteradas vezes pela fiscalização municipal, serão novamente orientados sobre os procedimentos a serem adotados. Na tarde de ontem (24) o secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente, Laertes Sidney Bianchessi, anunciou que vai reunir na próxima semana todos os empresários do setor, assim como representantes das entidades ligadas à construção civil e à defesa do meio ambiente, para tratar dessa questão. Laertes revela que no final de 2005 já houve uma reunião, justamente para tratar desse tema, mas cujos resultados não foram considerados adequados. “Naquela reunião, nós anunciamos que o município estava elaborando um plano de gerenciamento de resíduos, e quem quisesse poderia oferecer sugestões”, explica Laertes, complementando que, apesar da oferta, “ninguém fez qualquer sugestão”.A idéia do secretário é reunir todo esse pessoal novamente, para conversar “dentro da realidade atual, já que está em funcionamento na cidade uma usina de reciclagem, atendendo ao que dispõe a resolução 307 do Conselho Nacional de Meio Ambiente”. Essa resolução, explica Laertes, “exige que o município tenha um local para que esses materiais sejam depositados, uma vez que jogar em terrenos baldios e beiras de estrada é expressamente proibido”.Durante essa reunião também será apresentado o plano municipal de manejo de resíduos sólidos, que deve ter, até por exigência do Ministério Público, atenção prioritária do governo, para receber destinação e final “e evitar que seja jogado nas ruas, como tem acontecido em Ponta Grossa”.Laertes lembra que em função da declividade acentuada de várias regiões da cidade, o entulho jogado nos terrenos baldios acaba indo para os fundos de vale, onde estão nascentes ou cursos d’água, “contaminando o local, provocando grande impacto”. E, completa Laertes, “não é só material de construção civil. Nesses locais encontramos inclusive resíduos domiciliares”.O município, explica o secretário, está cumprindo a legislação ao evitar que despejos irregulares continuem acontecendo. “Afinal, em pleno século XXI, numa cidade com quase trezentos mil habitantes, a gente ficar tendo essa visão que denigre a imagem da cidade, degrada o meio ambiente e traz conseqüências imprevisíveis para toda a população é inaceitável”. O transporte de resíduo, reconhece Laertes, “é uma atividade econômica, mas ela se paga, porque eles prestam serviços a um contratante”. Ele raciocina que se tiver um custo maior para transportar até a usina de reciclagem, esse custo deve ser incluído na planilha de preços. “A gente pede a compreensão de todo o setor envolvido. Estamos abertos para conversar e por isso vamos, já na outra semana, convida-los para outra reunião, para clarear essa questão, e também para aparar as arestas, esclarecer dúvidas, achar caminhos”.O Conselho Municipal de Meio Ambiente, esclarece o secretário, também estará presente nessa reunião, porque “essa questão de gerenciamento de resíduos da construção civil é uma ação relativamente nova, e poucos municípios têm o privilégio que Ponta Grossa hoje conta, de ter uma usina para poder reciclar esse material”. Laertes opina que a empresa que opera essa usina no Distrito Industrial, é a primeira a obter o licenciamento para esse tipo de tratamento, em Ponta Grossa, e talvez uma das primeiras do Paraná. “Mas é uma coisa nova. A resolução do Conama está aos poucos sendo implantada. Um tempo de adaptação tem que existir, mas também tem que ter a disposição de todos os envolvidos em querer avançar, colaborar, cumprir essa determinação”. No final, avalia, “todo mundo sai ganhando: uma cidade limpa, bonita, ambientalmente menos degradada”.Para o secretário, é importante destacar que a reciclagem do entulho da construção civil tem um efeito ambiental muito positivo, porque recoloca no mercado matéria-prima a custo bem baixo e reduz sensivelmente o impacto no meio ambiente. “Vai exigir menos extração de areia e menos impacto nas margens do Tibagi, por exemplo. O próprio setor da construção civil, no final das contas, pela redução de custos, inclusive ambientais, vai ver que o preço de levar o entulho até a usina vai ser motivo de equilíbrio. Acredito piamente nisso, e acho que é só questão de hábito”. Por conta disso, avança Laertes, estamos fazendo notificações educativas, em casos de despejo irregular. Mas – admite – tem gente que repetidamente ignora o bom senso e continua fazendo despejos em áreas indevidas.